Érica Viegas Ide
A psicopedagogia tem como objetivo estudar o ato de
aprender e ensinar. Porém quando o psicopedagogo se depara com uma situação de
não aprendizagem ele precisa recorrer a um processo investigativo fazendo uso
de um diagnóstico.
O
diagnóstico é utilizado nas diversas áreas de estudos, tanto nas ciências
biológicas, nas ciências exatas, assim também como nas ciências humanas. Porém
na psicopedagogia o diagnóstico tem como objetivo a investigação, a intervenção
e a avaliação contínua do trabalho que
estará sendo realizado com o aluno em dificuldade de aprendizagem. E para
reforçar minhas palavras citarei Bossa
(2007) que diz o seguinte:
O diagnóstico
psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre revisável, onde a intervenção
do psicopedagogo inicia, segundo vimos afirmando, em uma atitude investigadora,
até a intervenção. È preciso observar que essa atitude investigadora, de fato,
prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo da
observação ou acompanhamento da evolução do sujeito. (Bossa,2007, p.94)
ás idéias
de autores como Weiss (1997) e Sisto (1996). Primeiramente o profissional
receberá o que chamado de “queixa”, um termo utilizado por Weiss, que afirma
que o diagnóstico é utilizado para, “o esclarecimento de uma queixa do próprio
sujeito, da família e na maioria das vezes, da escola.” (Weiss 1997, p.27).
A
autora, ainda deixa claro que para a elaboração de um diagnóstico será sempre
preciso estar recorrendo a conhecimentos teóricos e práticos, pois o
diagnóstico dará possibilidades do levantamento de hipóteses que poderão ser ou
não confirmadas no decorrer do tratamento.
Prosseguindo,
é fundamental para o início do diagnóstico que o terapeuta tenha claro dois
grandes eixos de análise que Weiss nomeia de, “EIXO HORIZONTAL”, que é o que
está acontecendo agora com esse aluno ou seja é a “visão do presente”, e o
outro é o “ EIXO VERTICAL”, que é a história do aluno é a “ visão do passado,
visão da construção do sujeito”. (Weiss, 1997 p.29). Tendo em vista esses dois
eixos e a obtenção de seus dados a autora chama a atenção para o cuidado que o terapeuta deve ter em relação aos
dados, que não podem ser “ regido por regras externas predeterminadas” pois,
“cada sujeito em exame representa um caminho próprio, que deve ser descoberto e
respeitado pelo terapeuta”. (Weiss, 1997 p.30).
Outro
fato de suma importância, apresentado pela autora, para um bom diagnóstico e na
descoberta do “desvio de aprendizagem”, é o psicopedagogo abrir seu foco de
análise não concentrando-se apenas no paciente mas, estender-se aos grupos de
relação como, a família, e a escola, aprofundando assim suas investigações
a “níveis psicossociais”.
Aproveitando
sobre essa postura investigativa que o psicopedagogo deve ter na elaboração de
um diagnóstico, quero complementar com Sisto (1996), onde o autor afirma que o
psicopedagogo tem a função de um detetive, de um investigador no processo da
não aprendizagem.
O psicopedagogo é como um
detetive que busca pistas, procurando seleciona-las, pois algumas podem ser
falsas, outras irrelevantes, mas a sua meta fundamentalmente é investigar todo
o processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele
envolvidos, para valendo-se desta investigação, entender a constituição da
dificuldade de aprendizagem. (SISTO,1996 p. 128).
Para
o autor, o psicopedagogo deve levar em consideração os múltiplos fatores
envolvidos na investigação do diagnóstico, chegando a momentos onde o mesmo
terá ampliação e também limitação do
processo diagnóstico. É por isso que esse profissional deverá sempre trabalhar
em parceria com outros profissionais, pois a psicopedagogia tem limites,
fronteiras bem definidas, e, embora se transite por outros territórios, não se
deve invadi-los.
Além
da investigação, segundo o autor, o diagnóstico tem o aspecto da intervenção,
não basta somente diagnosticar e pronto, o psicopedagogo precisa lançar mão do
papel de espectador e partir para a intervenção, pois o psicopedagogo deve
iniciar o processo investigatório procurando responder as seguintes perguntas:
quando, como, e por que foi que aprendiz adquiriu esta dificuldade de
aprendizagem.
Hoje sabemos que múltiplos são os fatores que determinam
a aprendizagem e também o não aprender. O psicopedagogo investigador, no
processo diagnóstico/interventivo, procura observar as condições de
aprendizagem e da não aprendizagem, levantando hipóteses, reavaliando-as,
reformulando-as constantemente com base no trabalho reflexivo, investigador e
questionador. (Sisto,1996 p. 134)
Como
é possível perceber será o diagnóstico o que dará a base ou seja, a segurança
para o psicopedagogo de como ele deverá agir ou encaminhar a sua intervenção. O autor afirma que nem todas as
respostas que procuramos se encontraram somente no diagnóstico, mas é durante a
intervenção no decorrer do tratamento que surgirão outras informações, onde nos
permitirá elaborar idéias mais exatas a respeito do quadro, é por isso que “o profissional
deve estar atento ao caráter contínuo do diagnóstico durante a intervenção”.
(Sisto, 1996 p. 139)
Como
já foi dito, o aluno com dificuldade de aprendizagem é encaminhado ao
profissional para a realização de um diagnóstico, devido a uma queixa da
escola, da família ou até mesmo do próprio aluno. No entanto, além da
utilização de recursos, meios e técnicas é preciso que o profissional fique
atento as informações que podem ser
recolhida dos envolvidos nesse processo que seria no caso, a família, a criança
e a própria escola para que então seja possível determinar as causas dessa não
aprendizagem para poder prevenir e corrigi-las.
BIBLIOGRAFIA
BOSSA, Nadia
A. Fracasso Escolar: um olhar
psicopedagógico: Artmed, 2002.
______. Dificuldades
de aprendizagem: o que são? Como tratá-las?. Porto Alegre: Artes Médicas
Sul, 2000.
______. A
psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 3 ed. Porto
Alegre: Artes Médicas Sul, 2007.
SISTO,
Fermino Fernades. [et al]. Atuação
psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
WEISS, Maria
Lúcia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas
de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 1997. 3 ed.
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