sábado, 9 de março de 2013

O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO



Érica Viegas Ide

A psicopedagogia tem como objetivo estudar o ato de aprender e ensinar. Porém quando o psicopedagogo se depara com uma situação de não aprendizagem ele precisa recorrer a um processo investigativo fazendo uso de um diagnóstico.
            O diagnóstico é utilizado nas diversas áreas de estudos, tanto nas ciências biológicas, nas ciências exatas, assim também como nas ciências humanas. Porém na psicopedagogia o diagnóstico tem como objetivo a investigação, a intervenção e  a avaliação contínua do trabalho que estará sendo realizado com o aluno em dificuldade de aprendizagem. E para reforçar minhas palavras citarei  Bossa (2007) que diz o seguinte:

O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre revisável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia, segundo vimos afirmando, em uma atitude investigadora, até a intervenção. È preciso observar que essa atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo da observação ou acompanhamento da evolução do sujeito. (Bossa,2007, p.94)

            Para melhor entendermos a importância do diagnóstico psicopedagógico me apegarei
 ás idéias de  autores como Weiss (1997) e Sisto (1996). Primeiramente o profissional receberá o que chamado de “queixa”, um termo utilizado por Weiss, que afirma que o diagnóstico é utilizado para, “o esclarecimento de uma queixa do próprio sujeito, da família e na maioria das vezes, da escola.” (Weiss 1997, p.27).
            A autora, ainda deixa claro que para a elaboração de um diagnóstico será sempre preciso estar recorrendo a conhecimentos teóricos e práticos, pois o diagnóstico dará possibilidades do levantamento de hipóteses que poderão ser ou não confirmadas no decorrer do tratamento.
            Prosseguindo, é fundamental para o início do diagnóstico que o terapeuta tenha claro dois grandes eixos de análise que Weiss nomeia de, “EIXO HORIZONTAL”, que é o que está acontecendo agora com esse aluno ou seja é a “visão do presente”, e o outro é o “ EIXO VERTICAL”, que é a história do aluno é a “ visão do passado, visão da construção do sujeito”. (Weiss, 1997 p.29). Tendo em vista esses dois eixos e a obtenção de seus dados a autora chama a atenção para o cuidado  que o terapeuta deve ter em relação aos dados, que não podem ser “ regido por regras externas predeterminadas” pois, “cada sujeito em exame representa um caminho próprio, que deve ser descoberto e respeitado pelo terapeuta”. (Weiss, 1997 p.30).
            Outro fato de suma importância, apresentado pela autora, para um bom diagnóstico e na descoberta do “desvio de aprendizagem”, é o psicopedagogo abrir seu foco de análise não concentrando-se apenas no paciente mas, estender-se aos grupos de relação como, a família, e a escola, aprofundando assim suas investigações a  “níveis psicossociais”.
            Aproveitando sobre essa postura investigativa que o psicopedagogo deve ter na elaboração de um diagnóstico, quero complementar com Sisto (1996), onde o autor afirma que o psicopedagogo tem a função de um detetive, de um investigador no processo da não aprendizagem.

O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando seleciona-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a sua meta fundamentalmente é investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para valendo-se desta investigação, entender a constituição da dificuldade de aprendizagem. (SISTO,1996 p. 128).

            Para o autor, o psicopedagogo deve levar em consideração os múltiplos fatores envolvidos na investigação do diagnóstico, chegando a momentos onde o mesmo terá ampliação e também limitação  do processo diagnóstico. É por isso que esse profissional deverá sempre trabalhar em parceria com outros profissionais, pois a psicopedagogia tem limites, fronteiras bem definidas, e, embora se transite por outros territórios, não se deve invadi-los.
            Além da investigação, segundo o autor, o diagnóstico tem o aspecto da intervenção, não basta somente diagnosticar e pronto, o psicopedagogo precisa lançar mão do papel de espectador e partir para a intervenção, pois o psicopedagogo deve iniciar o processo investigatório procurando responder as seguintes perguntas: quando, como, e por que foi que aprendiz adquiriu esta dificuldade de aprendizagem.

Hoje sabemos que múltiplos são os fatores que determinam a aprendizagem e também o não aprender. O psicopedagogo investigador, no processo diagnóstico/interventivo, procura observar as condições de aprendizagem e da não aprendizagem, levantando hipóteses, reavaliando-as, reformulando-as constantemente com base no trabalho reflexivo, investigador e questionador.  (Sisto,1996 p. 134)


            Como é possível perceber será o diagnóstico o que dará a base ou seja, a segurança para o psicopedagogo de como ele deverá agir ou encaminhar a sua  intervenção. O autor afirma que nem todas as respostas que procuramos se encontraram somente no diagnóstico, mas é durante a intervenção no decorrer do tratamento que surgirão outras informações, onde nos permitirá elaborar idéias mais exatas a respeito do quadro, é por isso que “o profissional deve estar atento ao caráter contínuo do diagnóstico durante a intervenção”. (Sisto, 1996 p. 139)
            Como já foi dito, o aluno com dificuldade de aprendizagem é encaminhado ao profissional para a realização de um diagnóstico, devido a uma queixa da escola, da família ou até mesmo do próprio aluno. No entanto, além da utilização de recursos, meios e técnicas é preciso que o profissional fique atento  as informações que podem ser recolhida dos envolvidos nesse processo que seria no caso, a família, a criança e a própria escola para que então seja possível determinar as causas dessa não aprendizagem para poder prevenir e corrigi-las.


BIBLIOGRAFIA


BOSSA, Nadia A. Fracasso Escolar: um olhar psicopedagógico: Artmed, 2002.

______. Dificuldades de aprendizagem: o que são? Como tratá-las?. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

______. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2007.

SISTO, Fermino Fernades. [et al]. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.

WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 1997. 3 ed.


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